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Danone Europa abandona compra de soja brasileira: Impacto da decisão e contexto do mercado

  • Mega Fato
  • 23 de jun.
  • 4 min de leitura
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Nos últimos anos, o mercado global de soja passou por mudanças significativas, com implicações tanto ambientais quanto econômicas. Uma das mudanças mais notáveis vem da gigante multinacional Danone, que anunciou que não comprará mais soja proveniente do Brasil, um dos maiores produtores mundiais do grão. Essa decisão é parte de uma estratégia maior da empresa de alinhar suas operações com princípios mais rígidos de sustentabilidade e atender às demandas cada vez mais rigorosas da União Europeia em relação à rastreabilidade e sustentabilidade de produtos agrícolas.


O IMPACTO DAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS NA CADEIA DE SUPRIMENTOS GLOBAL

O Brasil é um dos principais exportadores de soja do mundo, e uma parte substancial dessa produção é direcionada para a Europa. No entanto, grande parte da soja brasileira está ligada a questões ambientais, especialmente no que diz respeito à destruição de áreas como o Cerrado e a Amazônia. A pressão internacional, principalmente da União Europeia, tem aumentado para que as empresas garantam que seus produtos não estejam associados ao desmatamento e a outros impactos ambientais adversos. A nova legislação da União Europeia, chamada de Regulamento de Desmatamento da UE (EUDR), visa barrar a importação de produtos agrícolas provenientes de áreas desmatadas após dezembro de 2020.


Danone, alinhada com essa diretriz, vem reforçando seu compromisso com a sustentabilidade, buscando uma cadeia de suprimentos que não envolva desmatamento. Para tanto, a empresa decidiu não adquirir mais soja do Brasil, preferindo fornecedores de regiões com garantias ambientais mais robustas. Essa mudança reflete uma tendência crescente entre grandes corporações europeias, que estão cada vez mais sensíveis a questões de responsabilidade socioambiental.


A RESPOSTA DO BRASIL E OS DESAFIOS ECONÔMICOS

A decisão de grandes empresas como a Danone de evitar a soja brasileira não foi bem recebida por produtores e representantes do agronegócio no Brasil. Organizações como a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) e a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (APROSOJA) têm expressado suas preocupações em relação ao impacto econômico dessa decisão. A soja é um dos produtos mais importantes da balança comercial brasileira, e a Europa é o segundo maior destino dessa commodity, perdendo apenas para a China.


Embora o Brasil tenha implementado sistemas de monitoramento ambiental para garantir a legalidade e a sustentabilidade de suas práticas agrícolas, os regulamentos europeus são vistos por muitos como uma forma de protecionismo comercial. A APROSOJA argumenta que a legislação europeia não leva em consideração as complexidades das cadeias produtivas e da legislação ambiental brasileira, que é uma das mais rigorosas do mundo. No entanto, para cumprir com os requisitos da União Europeia, a segregação de produtos e a rastreabilidade são fundamentais, e muitos pequenos produtores podem enfrentar dificuldades para atender a essas exigências.


A SOJA EUROPEIA: UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL?

Uma das saídas encontradas por empresas como a Danone tem sido a busca por fornecedores locais de soja na Europa. Recentemente, a Danone, por meio de sua marca Alpro, que fabrica produtos à base de soja, tem investido no cultivo de soja em solo europeu. Isso inclui colaborações com agricultores da França e da Bélgica, regiões onde o cultivo de soja vem crescendo de forma significativa nos últimos anos. Esses produtores europeus oferecem uma alternativa mais sustentável e rastreável, já que a proximidade geográfica reduz a pegada de carbono associada ao transporte e evita o desmatamento em biomas sensíveis como o Cerrado brasileiro.


O movimento em direção à soja europeia é visto por muitos como uma resposta às crescentes preocupações ambientais dos consumidores e reguladores europeus. No entanto, a produção de soja na Europa ainda é limitada, tanto em quantidade quanto em qualidade. Por exemplo, as condições climáticas em algumas regiões dificultam a obtenção de níveis de proteína adequados, um dos principais fatores que diferenciam a soja brasileira, conhecida por sua qualidade superior.


PERSPECTIVAS FUTURAS: SUSTENTABILIDADE E COMPETITIVIDADE

Para a Danone, o foco em práticas sustentáveis não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma estratégia competitiva. Segundo o CFO da empresa, Juergen Esser, a sustentabilidade precisa trazer retornos financeiros para atrair investimentos e garantir a continuidade dos negócios. Esser argumenta que as empresas que conseguem oferecer produtos com menor impacto ambiental têm uma vantagem competitiva, especialmente em um mercado cada vez mais regulado como o europeu.


O desafio para empresas como a Danone será equilibrar os custos mais altos associados a cadeias de suprimento sustentáveis com a demanda por preços acessíveis dos consumidores. Além disso, a pressão para reduzir emissões de carbono e garantir práticas de agricultura regenerativa coloca a empresa em uma posição de liderança no que se refere à inovação em sustentabilidade no setor de alimentos e bebidas.


DESAFIOS PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Embora o Brasil tenha feito avanços significativos em termos de legislação ambiental e sistemas de rastreabilidade, a percepção internacional continua sendo um desafio. O país precisa lidar com a pressão externa para reduzir o desmatamento, ao mesmo tempo em que busca manter sua competitividade no mercado global de soja. O desmatamento ilegal e a conversão de áreas naturais em terras agrícolas continuam a ser questões delicadas, e a capacidade do Brasil de garantir um futuro sustentável para suas exportações agrícolas dependerá, em grande parte, de sua habilidade em alinhar suas políticas internas com as exigências do mercado externo.


A saída de grandes compradores europeus, como a Danone, pode servir como um alerta para o agronegócio brasileiro, destacando a necessidade de maior transparência, investimentos em práticas agrícolas sustentáveis e uma comunicação mais eficaz com o mercado internacional. O futuro das exportações brasileiras para a Europa dependerá da capacidade do país de adaptar suas práticas e garantir que a soja produzida seja vista como ambientalmente responsável.


A decisão da Danone de não comprar mais soja do Brasil reflete uma mudança mais ampla nas cadeias globais de suprimento, com as empresas europeias buscando produtos que não estejam associados ao desmatamento ou a práticas agrícolas insustentáveis. O impacto dessa decisão é significativo para o agronegócio brasileiro, que enfrenta desafios tanto econômicos quanto ambientais. Ao mesmo tempo, oferece uma oportunidade para que o Brasil reforce suas credenciais ambientais e garanta a continuidade de suas exportações para mercados exigentes como o europeu.



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