Como taxas de bagagem cobradas por empresas aéreas viraram negócio bilionário
- Mega Fato
- 10 de jun.
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Número de companhias aéreas que cobram para despachar bagagens está aumentando e irritando políticos e consumidores.

A Air Canada e a Southwest se juntaram ao grupo de companhias aéreas que cobram por bagagem despachada. Mas o custo exorbitante dessas taxas extras está provocando a ira de políticos e passageiros.
Ao mesmo tempo, as vendas de malas pequenas o suficiente para caber na cabine do avião estão crescendo.
Esperando de fora do aeroporto de Toronto, no Canadá, Lauren Alexander voou de Boston, nos Estados Unidos, no fim de semana. Para ela, as cobranças adicionais são "ridículas".
"Parece uma pegadinha", disse a jovem de 24 anos. "Você compra a passagem e pensa que vai ser mais barato, então você tem que pagar US$ 200 [aproximadamente R$ 1.100 na conversão atual] extras para despachar uma mala." Para não pagar a taxa, Lauren viajou com uma mochila pequena.
Sage Riley, 27 anos, concorda. Segundo ela, viajar de avião "pode sair caro".
Ascensão de companhias de baixo custo
Houve um tempo em que bagagens despachadas, escolha de assentos e até lanches no avião estavam inclusos em voos comerciais. Mas tudo mudou com a ascensão das companhias aéreas de baixo custo, afirma Jay Sorensen, da consultoria americana de aviação IdeaWorks.
Foi em 2006 que a companhia britânica FlyBe, considerada a primeira do mundo a adotar a prática, passou a cobrar os passageiros para despachar bagagens.
Começou com £2 (cerca de R$ 15) para quem pagava adiantado e £4 (cerca de R$ 30) para passageiros que optavam por pagar na hora.
Rapidamente, outras companhias aéreas de baixo custo seguiram o exemplo, e até mesmo as companhias tradicionais acabaram fazendo o mesmo, pelo menos em voos de curta duração.
Em 2008, a American Airlines se tornou a primeira empresa aérea americana a cobrar uma taxa de US$ 15 (R$ 83) pelo despacho de bagagem em voos domésticos.
No Brasil, as companhias iniciaram a cobrança em 2017. Os valores variam de R$ 60 a R$ 160 para despachar a primeira mala.
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orenson afirma que companhias aéreas tradicionais acharam que não tinham escolha quando elas "começaram a perceber que as empresas de baixo custo estavam oferecendo uma concorrência significativa".
Estima-se que o custo global total com taxas extras cobradas por companhias — de bagagens à escolha de assento, acesso a Wi-fi, upgrades, comidas e bebidas — alcance US$ 145 bilhões (R$ 810 bilhões) este ano, o que representa 14% da receita total do setor.
A informação é da Associação Internacional de Transporte Aéreo, que representa a indústria. Para efeito de comparação, no ano passado o custo foi de US$ 137 bilhões (R$ 765 bilhões).
Somente as companhias americanas faturaram US$ 7,27 bilhões (R$ 40,6 bilhões) em taxas de bagagem despachada no ano passado, segundo dados do governo dos Estados Unidos.
Isso ultrapassa o faturamento de US$ 7 bilhões (R$ 39 bi) em 2023 e de US$ 5,76 bilhões (R$ 32 bi) em 2019.
Esses números têm chamado a atenção de políticos em Washington, nos Estados Unidos. Em dezembro do ano passado, executivos das companhias aéreas foram convocados para prestar esclarecimento em um comitê no senado.
Na ocasião, um senador do Partido Democrata chamou as taxas de junk fees, que em português seria algo como "taxas abusivas", e pediu que o governo federal revise esse tipo de cobrança e considere multar as companhias.
A BBC procurou o Departamento de Transporte dos Estados Unidos para comentar o assunto, mas não teve resposta.
Não é de surpreender, portanto, que cada vez mais passageiros tentem viajar levando apenas uma bagagem de mão.
Kirsty Glenn, diretora-geral da fabricante britânica de malas Antler, confirma que a demanda por malas pequenas, que atendam aos limites de tamanho das cabines de avião, tem aumentado.
"Nós temos visto picos enormes de pesquisas online e no nosso site", diz.
Ao comentar sobre o novo modelo de malas de pequena dimensão que sua empresa lançou em abril, Glenn acrescenta: "Vendeu como água! Prova a tendência de viajar apenas com uma bagagem de mão".

Ao mesmo tempo, conteúdos nas redes sociais sobre truques para fazer as malas e dicas de modelos que atendem aos limites de tamanho das companhias dispararam, segundo a jornalista de viagem Chelsea Dickenson. Ela produz esse tipo de conteúdo especialmente para o TikTok.
"As redes sociais realmente impulsionaram essa ideia de que é preciso ter uma mala que se encaixe nas exigências das companhias aéreas para bagagem de mão", afirma.
Dickenson, que tem cerca um milhão de seguidores na rede social, afirma que seus vídeos sobre malas se tornaram "uma parte central do conteúdo" que ela cria.
"Eu fico impressionada. Eu posso passar semanas e semanas pesquisando uma grande viagem e os vídeos que eu faço sobre isso não chegam nem perto daqueles que eu me gravo comprando uma mala barata, levando ao aeroporto e testado naquelas estruturas de medição e bagagem."
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