Cerca de 464 milhões de adolescentes poderão ter obesidade até 2030, alerta estudo global

Relatório da Comissão Lancet alerta que até 2030, 464 milhões de adolescentes terão obesidade e mais de 1 bilhão enfrentarão riscos de saúde.

Um novo relatório da Comissão Lancet, divulgado em 20 de setembro de 2023, apresenta previsões alarmantes sobre a saúde dos adolescentes em todo o mundo. Estima-se que até 2030, cerca de 464 milhões de jovens entre 10 e 24 anos estarão vivendo com sobrepeso ou obesidade. Além disso, mais de 1 bilhão de adolescentes enfrentará riscos de saúde preveníveis, incluindo doenças como HIV/Aids, gravidez precoce, depressão e má nutrição. Este estudo, que representa a segunda análise da Comissão sobre saúde e bem-estar dos adolescentes, destaca um cenário preocupante, onde, apesar de alguns avanços em áreas como a redução do tabagismo e o aumento da participação educacional, os problemas relacionados à obesidade e à saúde mental estão em ascensão.

Contexto e Fatores Contribuintes

A análise revela que, embora tenha havido progressos em algumas áreas, como a diminuição do consumo de tabaco e álcool, e um aumento na participação educacional, os problemas de saúde mental e obesidade estão crescendo de forma alarmante. A pandemia de Covid-19 é apontada como um fator significativo que exacerbou essa situação, contribuindo para um aumento nos transtornos mentais e na deterioração da saúde geral dos adolescentes. Os dados indicam que, até 2030, um em cada quatro adolescentes poderá enfrentar problemas de saúde mental, refletindo uma tendência preocupante que se intensificou nas últimas três décadas.

Além disso, o relatório destaca que a saúde mental dos adolescentes sofreu um declínio significativo, com 42 milhões de anos de vida saudável perdidos devido a transtornos mentais ou suicídio. Essa perda é um indicativo claro da gravidade da situação e da necessidade urgente de intervenções eficazes.

Desigualdade e Ameaças Emergentes

Um aspecto crítico abordado no relatório é a desigualdade no acesso a cuidados de saúde. Quase 1,1 bilhão de adolescentes vive em países onde problemas de saúde preveníveis, como gravidez precoce e má nutrição, continuam a ser uma ameaça constante. Comparado a 2016, houve um aumento no número de jovens expostos a esses riscos, evidenciando a falta de progresso na promoção da saúde entre os adolescentes, especialmente em países de menor renda. A desigualdade socioeconômica é um entrave significativo para a promoção da saúde, dificultando o acesso a serviços essenciais e a educação sobre saúde.

Além disso, as mudanças climáticas emergem como uma nova ameaça à saúde mental dos jovens. O relatório projeta que até 2100, 1,9 bilhão de adolescentes poderão viver em um mundo com temperaturas significativamente mais altas, o que pode agravar problemas de saúde mental e aumentar a insegurança alimentar. A intersecção entre as crises climáticas e a saúde mental é um tema que requer atenção urgente, pois os jovens de hoje são os primeiros a crescer em um ambiente marcado por condições climáticas extremas e incertezas.

Necessidade de Políticas Públicas e Investimentos

Os especialistas envolvidos na elaboração do relatório enfatizam a necessidade urgente de políticas públicas e investimentos direcionados à saúde dos adolescentes. Atualmente, essa faixa etária representa 24% da população global, mas recebe apenas 2,4% dos investimentos internacionais em saúde e desenvolvimento. Essa discrepância é alarmante, considerando que os adolescentes enfrentam uma carga significativa de doenças e desafios de saúde. A falta de ação pode resultar em um aumento significativo de problemas de saúde entre os jovens nas próximas décadas, o que exigirá uma resposta coordenada e eficaz por parte dos governos e organizações internacionais.

A análise conclui que, sem iniciativas políticas e investimentos financeiros adequados, um grande número de adolescentes crescerá com problemas de saúde que poderiam ser evitados. Portanto, é imperativo que as autoridades globais priorizem a saúde e o bem-estar dos jovens, garantindo acesso universal a cuidados de saúde e promovendo iniciativas que fortaleçam a educação e a conscientização sobre saúde nas escolas e comunidades.

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