Brasil vê tarifa de Trump como “custo fixo” e recalibra negociação com EUA
- Mega Fato
- há 5 dias
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Para negociadores do governo brasileiro, tudo indica que sobretaxação de 10% é "novo normal" para entrar no mercado americano

Temendo que a tarifa de importação de 10% imposta ao Brasil e a outros países represente um novo tipo de “custo fixo” para produtos vendidos aos Estados Unidos, autoridades brasileiras passaram a defender o redirecionamento das negociações com a Casa Branca, em vez de insistir na redução desse percentual.
A percepção, no governo, é de que essa alíquota mínima de 10% para a entrada de produtos em solo norte-americano deve se consolidar como um piso nas relações comerciais com os Estados Unidos — e que o Brasil, na prática, já opera com essa nova "tarifa mínima".
O argumento de pessoas em Brasília diretamente envolvidas nas conversas com a Casa Branca é que nenhum dos aliados estratégicos dos Estados Unidos — mesmo aqueles que colocaram forte esforço diplomático nas negociações — conseguiu eliminar completamente as taxações.
Esse é o caso do Reino Unido, que, mesmo aliado histórico de Washington, só conseguiu abrir cotas de importação para aço e automóveis. Ainda assim, a tarifa de 10% foi mantida.
Um funcionário brasileiro coloca a questão da seguinte forma: de que adiantaria negociar exaustivamente e fazer grandes concessões aos Estados Unidos se o Brasil, no fundo, já foi contemplado com as tarifas adicionais mais baixas? Outros estão cedendo à Casa Branca para, no fim das contas, chegar ao mesmo tratamento já dispensado ao Brasil.
Com a leitura de que a nova taxação pode se tornar um “Custo Trump” para exportações ao mercado norte-americano, o governo brasileiro prefere focar em pontos considerados mais relevantes para a indústria nacional, como a abertura de cotas para aço e alumínio.
Em março, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma taxação de 25% sobre a importação desses produtos de todo o mundo com o argumento de fortalecer a indústria local.
As negociações do Brasil para flexibilizar essas tarifas começaram já em março. Os dois países chegaram a estabelecer um grupo de trabalho para tratar do tema.
Diversas videoconferências entre autoridades técnicas dos dois governos já ocorreram nesse período.
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